Hoje celebramos os Sete fundadores da Ordem dos Servitas. Na Europa dos séculos XII e XIII houve uma grande rutura dos valores cristãos, tanto por parte da sociedade civil e dos religiosos. Com isso surgiram várias confrarias de penitências onde os leigos buscavam viver a plenitude do evangelho, em oposição à ganância, luxo, prazeres fúteis e o gosto pelo poder que imperava. Havia em Florença uma irmandade, fundada já há muito tempo, em honra da Virgem Maria; chamada ‘Companhia de Nossa Senhora’. Dela também faziam parte os sete homens. Eram eles: Buonfiglio dei Monaldi (Bonfílio), Giovanni di Buonagiunta (Bonajunta), Bartolomeo degli Amidei (Amadeu), Ricovero dei Lippi-Ugguccioni (Hugo), Benedetto dell' Antella (Manetto), Gherardino di Sostegno (Sosteno), e Alessio de Falconieri (Aleixo). No dia 15 de agosto de 1233 os sete jovens estavam reunidos para as orações, onde também cantavam "laudes" de poemas religiosos dedicados à Virgem Maria e de repente, viram que a imagem de Nossa Senhora se mexeu. Todos ficaram intrigados. Depois disso, enquanto atravessavam uma ponte para voltar para casa, a própria Virgem Maria apareceu-lhes toda vestida de luto e chorava. Em seguida, contou-lhes a razão de suas lágrimas: a guerra civil que não cessava em Florença, pois desde 1215, havia já 18 anos que a cidade estava dividida em duas famílias beligerantes (combatentes): os Guelfi e os Ghibellini. Depois de terem visto Nossa Senhora os sete jovens venderam todos os seus bens, distribuindo o produto aos pobres e, depois de ter consultado o bispo da cidade, D. Arinzo, retiraram-se a uma velha casa em La Carmazia, nos arredores da cidade, junto a uma capelinha da Virgem. No dia da Epifania de 1234, dois deles, Bonfílio e Aleixo, saíram pela primeira vez às ruas para pedir esmolas. Todos começaram a assistir a esse “espetáculo”; e o mais surpreendente foi que as crianças ainda de peito começaram a apontá-los com o dedo e a dizer: “Eis os servos de Maria”. Tal prodígio fez com que D. Arinzo aconselhasse esses religiosos a não mudar o nome que lhes havia sido dado tão milagrosamente. E até hoje eles são conhecidos como Servos de Maria. Os sete santos permaneceram um ano em La Carmazia. Mas, como eram muito solicitados, com a anuência do bispo resolveram procurar um local mais isolado para viverem. D. Arinzo pôs à disposição deles um terreno junto ao Monte Senário, perto de Florença. Lá construíram um oratório e, em seu redor, pequenas celas de madeira. Entregavam-se à oração e penitência, vivendo das ervas que nasciam no sopé do monte, meditando continuamente a Paixão de Cristo e as amarguras de Maria Santíssima. Escolheram o mais velho deles, Bonfílio, como superior. Este, vendo que não poderiam viver sempre assim, mesmo porque as ervas escasseavam, mandou à cidade Aleixo e Manetto, a fim de pedir esmolas para o sustento da pequena comunidade. Aleixo Falconieri, filho de um dos principais membros da República — o mais conhecido dos sete fundadores — não quis depois, por humildade, receber a ordenação sacerdotal quando seus companheiros obtiveram autorização para isso. Em sua longa vida de cento e dez anos, permaneceu sempre irmão leigo na ordem que co-fundara. Já no monte Senário, Nossa Senhora voltou a aparecer aos sete fundadores, mostrando-lhes um hábito negro e recomendando que o portassem em memória da Paixão de seu Filho. Deu-lhes também as regras de Santo Agostinho, que deviam seguir, fundando assim uma nova ordem religiosa. Os sete santos fizeram os votos de obediência, pobreza e castidade, e começaram a receber candidatos. O fim particular dessa nova ordem era, primeiro, a santificação de seus membros; e depois, a de todos os homens, através da devoção à Mãe de Deus, especialmente em sua desolação durante a Paixão de seu divino Filho. Para isso os servitas pregavam missões, tinham a cura de almas e ensinavam em instituições superiores de ensino.
São Bonfíglio Monaldi Pai e líder do grupo e, em seguida, prior da nascente comunidade dos Servos de Maria. É representado com a pomba branca que repousa sobre o seu ombro direito para indicar que os dons do Espírito Santo dos quais cada um dos sete era ornado, manifestado de modo especial nele que pai do primeiro grupo e da comunidade. Ele morreu, segundo a tradição, a 1 de janeiro de 1262.
São Bonaiuto Manetti Homem austero em relação a si mesmo, mas doce, amoroso e compreensivo para com os outros. Ocupou o cargo de Prior Geral entre 1256 e 1257. A sua tenacidade na defesa da verdade e da justiça fez com que fosse envenenado, mas foi salvo por Deus. Morreu a 31 agosto 1267.
São Manetto del Ántella Também ele prior geral, era um homem de grande capacidade organizativa e de direção; a ele são atribuídas as primeiras fundações na França. Ele que acolheu Arrigo de Badovino, primeiro da grande multidão de leigos que se agregou à Ordem dos Servos. A tradição coloca o dia de sua morte em 20 de agosto de 1268.
Santo Amadio Amidei Podemos dizer que, no Grupo dos Sete, ele era como a chama que dava calor a todos com sua grande caridade que se nutria do amor de Deus. Seu nome, que significa, “Ama a Deus”, foi um verdadeiro presságio, um sinal da riqueza de sua vida espiritual e de caridade. Morreu em 18 abril 1266.
São Sostenio e Sosteni e São Ugoccio Ugoccioni Entre estes dois santos é lembrada em particular sua amizade, tanto que a iconografia os representa juntos, e a morte de ambos foi no mesmo dia e ano (3 de Maio 1282), sendo um sinal e um selo de autenticidade do Céu à sua fraternidade. No grupo dos sete, permaneceram como um símbolo de fraternidade vivida em comunhão de vida e de intenções, mas também como um sinal especial de amizade que, se for verdadeira e gratuita, é inspirada por Deus e ajuda uns aos outros a subir à Deus.
São Aleixo Falconieri Da família Falconieri, foi um brilhante exemplo de humildade e pureza. A sua vida foi um contínuo louvor a Deus. Gostava de pedir esmolas, empenhando-se especialmente em sustentar os frades enviados para estudar na Universidade de Sorbonne, em Paris. Morreu a 17 de fevereiro de 1310 com 110 anos.
Festejam-se no dia 17 de fevereiro em memória de Alessio Falconieri, o mais ancião dos sete, falecido neste dia.
Foram canonizados pelo Papa Leão XIII a 12 de janeiro de 1888.
Sete Santos fundadores da Ordem dos Servitas, rogai por nós! |